sábado, 28 de agosto de 2010

Silêncio!

Silêncio! Enterro o espinho no teu coração,
porque a rosa, a rosa
está com as sombras no espelho e sangra!
Já sangrava, quando nós misturámos o Sim e o Não,
quando o bebemos,
porque um copo, que caiu da mesa, tilintou:
repicou numa noite que escureceu durante mais tempo do que nós.

Bebemos com bocas ávidas:
sabia a fel,
no entanto espumava como vinho -
Eu segui o brilho dos teus olhos
a a língua balbuciou doçuras...
(E balbucia, balbucia ainda.)

Silêncio! O espinho penetra-te mais fundo no coração:
está unido com a rosa.

Paul Celan - 'Sete rosas mais tarde' (pág. 29)

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